quarta-feira, 21 de julho de 2010

SOLIDÃO - J.LEITE

A solidão é uma fala intensa no meu texto. Eu caminho as estradas que a solidão desbrava. Contento-me com o que sou, com o que tenho. E dentro deste contentamento mora a minha solidão. A solidão que me parece existir antes dos tempos. Uma solidão primordial. A solidão que está na minha essência, na minha raiz, no meu gênese. Ser só também é uma tarefa na vida. Também é vida. É um caminho. Melhor ou pior? Quem sabe? Quem sabe dos designíos da Vida? Quem, nem que seja de leve, tocou os mistérios da existência? Eu, como um Zatrusta, me isolei dos meus pares. Sorvo, como quem bebe da bebida mais doce, esta ausência imposta pelo Deus maior. Nas tantas noites em que me senti tão só como a ausência eu chorei a possibilidade do imponderável. Chorei o choro quieto e calado que vem do coração. Chorei a lágrima seca inerente ao não. Chorei as noites onde, inocente, achei que poderia burlar a solidão.