domingo, 23 de maio de 2010

Morrer de Glórias

Morrer de Glórias...

Serei seu súdito mais atento...
me curvarei a sua beleza e dela farei meu estandarte...
serei leal e paciente...
indefeso a sua vontade de mulher e soberana...
trarei nas mãos escudo e vontade...
não temerei a morte e dela zombarei de peito aberto...
trarei nas mãos espada em risti e vitórias...
todas como um puro ato de entrega à mulher amada...
não haverá batalha por demais terrivel...
nem dragões tão poderosos...
nem distancias inalcansaveis...
terei na armadura as marcas de ferozes lutas...
no corpo feridas tão incuráveis...
nas mãos mil inchaços da faina bruta...

retornarei cansado e altivo...
saudoso do meu reino porque lá habita minha rainha...
saudoso de meu reino porque la ficou o meu desejo...
saudoso do meu reimo porque ao lado dela encontro meu mundo...

mas ao regressar não me cante glórias aos largos...
nem sequer tapetes de rosas me estendas...
porque volto guerreiro, valente e homem...
e de ti cobrarei toda prenda minha...
guerreiro que sou, numa contenda louca...
agora em risti, minha tezuda lança...
no coração não te aponto ou firo...
tão desejosa desta batalha afoita...
é mais abaixo que desferirei meu golpe...
golpe mortal nessa ferida aberta...
que até o final desta minha investida...
de estocadas até onde minha arma alcança...
esse guerreiro, homem de vencer batalhas...
cantará vitória pela primeira vez na vida...
e enfim, com braços exáustos e lança quebrada...
merrorei de glórias, aos pés da mulher amada.

Francisco Bocchini

segunda-feira, 3 de maio de 2010

J.L. SILVA - MEU AMIGO DE LONGA DATA

Apresento-lhes um carissímo amigo de muitos anos.Precisamente nos conhecemos em 1983
Bons tempos do tempo de boemia do Bexiga,da Pça Roosevelt e do Bar Corsario.
Sem falar na homericas festas da Av. Ipiranga que nem sempre ele comparecia.
A timidez nào o permitia..
Agora tenho a honra de inserir seus poemas , contos , crônicas na pags. da Literatura Literal

PALAVRAS

As estrelas apossaram-se do céu faz muito tempo. A noite ocultou a tarde. Lá fora leves ruídos dão conta de que ainda existem pessoas num mundo distante e opaco. O Tempo dorme... Tudo é sonho... Tudo é sombra... Já é tarde... Dormem os reis em seus castelos. Chora baixinho quem da vida se perdeu. Há um passo miúdo que leva aos caminhos por onde salteiam a saudade e a solidão. Há na saudade e na solidão um travo a distorcer os sentimentos.

Meu coração caminha bêbedo nas veredas que levam à saudade e à solidão. Busca em minha mente palavras que possam expressar o sentimento. Procura o verbo reto, o adjetivo atávico... Mergulha em busca do significado do que sinto. A mente, que poderia socorrer-me, apenas mente. O mergulho é um deitar ao longe os olhos lassos. A palavra esconde-se, foge, encanta-se... O verbo perde-se em tempos e modos e, de modo algum, diz o que pretendo dele. São apenas solos de vozes vítreas pranteando a madrugada. A noite enrodilha-se encobrindo a sutileza que é Ser. Os sonhos embebem-se, moleques, na luz da lua. Entoam a melodia pura que vem da alma.

A madrugada aninha-se entre um morrer e um nascer das luzes. Cospe o grito de dor sufocado na garganta. O grito de gozo estremece os corpos que se amavam. O beijo fica hesitante, suspenso, por entre um buscar e um ceder. A madrugada recriou a palavra que brotava aos pés do fio de lua que alumiava o rés chão. Verteu ilusões. No desassossego das noites a vida levita o seu mistério. As flores noturnas desabrocham e exalam seu perfume. A vida despe seus véus. Tudo é símbolo. Tudo é mágico. Tudo é místico. A vida é signo!

A palavra que entendo pensar está para além do meu pensamento. A palavra é emoção. A palavra é um sentir a partir dos signos da Vida. Transfere, suave e leve, tenaz e dura, a minha emoção para possíveis outras emoções. Uma vez desprendida de mim já não me pertence. São borboletas pulsando a vida que vem do Cosmos. São ledos flash de momentos em que minha alma se aventurou no saber dos Mundos. São pequenos espasmos da solidão inerente ao ser. É a vida a ditar a mim o que eu ainda não sei. A palavra que agora me tem é o símbolo passageiro e fugaz do que sou neste momento. No instante seguinte sou outra palavra. Lentamente vou me recriando. Lentamente aproximo-me da minha Alma... eterna. E que por ser eterna traz na sua essência todas as minhas vidas, todos os meus símbolos. Traz a leitura do que já fui, do que serei. A vida é signo! E só com a alma alcanço o sentido do Universo que, também, está em mim. A palavra, em si, é mero grafismo. Sua essência está na emoção.

As flores noturnas desabrocham e exalam seu perfume.
Só os que estão despertos à noite podem compreender isto.
Só os que lêem com a Alma compreendem os signos da Vida.
J.L. Silva

SONETO AOS NOSSO TRINTA DIAS
Amor, tu és a poesia em minha vida
As noites nada são sem teu perfume
As estrelas são pequeninos vagalumes
Olhando o nosso amor enternecidas

Teus olhos são mares onde me encontro
Dois mares em suas águas a me levar
Nossas bocas têm o sabor do reencontro
Nossos corpos se completam ao se amar

Nestes dias e noites em que nos amamos
Acalentados com a meninice da fantasia
Colhendo sonhos onde antes nada havia

Gozamos este amor intenso que sonhamos
Nossas almas dizem o quanto nos queremos
Foram ternura estes trinta dias que vivemos

J.L. Silva