Morrer de Glórias...
Serei seu súdito mais atento...
me curvarei a sua beleza e dela farei meu estandarte...
serei leal e paciente...
indefeso a sua vontade de mulher e soberana...
trarei nas mãos escudo e vontade...
não temerei a morte e dela zombarei de peito aberto...
trarei nas mãos espada em risti e vitórias...
todas como um puro ato de entrega à mulher amada...
não haverá batalha por demais terrivel...
nem dragões tão poderosos...
nem distancias inalcansaveis...
terei na armadura as marcas de ferozes lutas...
no corpo feridas tão incuráveis...
nas mãos mil inchaços da faina bruta...
retornarei cansado e altivo...
saudoso do meu reino porque lá habita minha rainha...
saudoso de meu reino porque la ficou o meu desejo...
saudoso do meu reimo porque ao lado dela encontro meu mundo...
mas ao regressar não me cante glórias aos largos...
nem sequer tapetes de rosas me estendas...
porque volto guerreiro, valente e homem...
e de ti cobrarei toda prenda minha...
guerreiro que sou, numa contenda louca...
agora em risti, minha tezuda lança...
no coração não te aponto ou firo...
tão desejosa desta batalha afoita...
é mais abaixo que desferirei meu golpe...
golpe mortal nessa ferida aberta...
que até o final desta minha investida...
de estocadas até onde minha arma alcança...
esse guerreiro, homem de vencer batalhas...
cantará vitória pela primeira vez na vida...
e enfim, com braços exáustos e lança quebrada...
merrorei de glórias, aos pés da mulher amada.
Francisco Bocchini
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